Diagnóstico de tuberculose latente em pessoas com artrite reumatóide, através dos testes tuberculínico e interferon - gamma release assays

Nome: ANA MARIA PEREIRA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 18/11/2011
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
ELIANA ZANDONADE Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ELIANA ZANDONADE Orientador
ETHEL LEONOR NOIA MACIEL Examinador Interno
VALÉRIA VALIM CRISTO Coorientador

Resumo: (AR) está implicado no aumento da incidência de tuberculose (TB), exigindo
muita prudência na sua prescrição. Portanto, é indispensável rastrear TB antes
do início do anti-TNF-a. Os pacientes com AR apresentam disfunção dos
linfócitos T, o que pode prejudicar a resposta cutânea tardia ao teste
tuberculínico (TT). Mais recentemente outros testes, ex-vivo, estão sendo
usados para diagnosticar TB latente (TBL), são eles os IGRAs (Interferon -
Gamma Release Assays). Talvez os IGRAs possam ser úteis no diagnóstico de
TBL em pacientes com AR. Dessa forma, a autora se propôs a desenvolver um
estudo transversal comparativo entre pacientes com AR do Espírito Santo e
grupo de comparação saudável (sem AR), em relação à positividade dos testes
TT (PPD RT23) e QuantiFeron-TB Gold In Tube (QTF-TB GIT) assim como
comparar os testes entre si. E realizar uma revisão sistemática sobre a
positividade e concordância entre TT e IGRAs em pacientes com AR, com a
finalidade de conhecer os resultados de estudos que utilizaram TT e IGRA em
populações com AR. A revisão foi realizada nas fontes LILACS, Scielo,
Cochrane e Medline, com os descritores pré-definidos, nos idiomas português,
inglês e espanhol, e foram aceitas publicações nos mesmos idiomas. Foi
realizada a descrição das características metodológicas dos estudos,
apresentados os resultados dos testes realizados por cada um, com suas
respectivas análises estatísticas. Foram ainda apresentadas as análises
estatísticas de concordância entre os testes. O nível de significância adotado
foi de 0,05. Após exclusão dos artigos que não foram elegíveis, 19 publicações
foram selecionadas para análise. Não houve uniformidade em relação às
características metodológicas dos estudos incluídos nesta revisão. O desenho,
em sua maioria foi do tipo comparativo, 3 foram corte transversal e um foi
coorte prospectiva. O tamanho da amostra, no grupo de AR, variou de 25 a 112
sujeitos. A composição do grupo de comparação também foi variável. Sujeitos
saudáveis, sujeitos com outras doenças reumáticas e até mesmo pacientes
com tuberculose compuseram os grupos. Os testes utilizados, tanto PPD,
quanto IGRAs foram de tipos diferentes. Não houve uniformidade também em
relação aos resultados dos testes, tanto nas proporções de positividade no
grupo AR, que variou de 10,4% a 69,7% para o TT e 6,9% a 44,6% para os
IGRAs, quanto na diferença ou semelhança com grupos de comparação. A
concordância entre os TT e IGRAs foi analisada em poucos estudos, que se
mostraram contraditórios. Em relação ao estudo realizado pela autora em
pacientes com AR do Espírito Santo (ES), foi adotado o valor de ≥ 5mm para o
grupo com AR e ≥10mm para o grupo sem AR como reator para TT. Para
variáveis qualitativas, utilizaram-se os testes Qui-quadrado e para as
quantitativas, o teste t - Student para comparação dos grupos com e sem AR.
Quando o grupo AR foi estratificado pelas condições: atividade da doença e
imunossupressão por tratamento, utilizou-se o teste exato de Fisher para
atividade da doença e Qui-quadrado para imunossupressão. Para a análise
estatística realizada para avaliar concordância entre o PPD RT23 e o QTF-TB
GIT utilizaram-se o teste Kappa e para a discordância o teste de McNemar. Foi
considerado significante o valor de p £ 0,05, em todos os testes. O TT foi reator
em 40,8% do grupo com AR e em 25% do grupo sem AR (p = 0,187) e o QTF TB GIT foi positivo em 2 (4%) do grupo com AR e 3 (7,1%) do grupo sem AR (p
= 0,5078). Também não foi encontrada diferença significativa em relação à
reatividade ao TT em AR quando comparados os estratos estar ou não com
doença em atividade (0,64). Porém houve diferença significativa entre os
estratos estar ou não imunossuprimido, com melhor resposta nos não
imunossuprimidos (p = 0,032). Os grupos com e sem AR não mostraram
concordância estatisticamente significante entre os 2 testes (K = 0,116; p =
0,082 (AR); K = 0,217; p = 0,083 (sem AR)). A discordância foi estatisticamente
significativa, em ambos os grupos pelo teste McNemar (p = 0,001 (AR); p =
0,039 (sem AR). Quando avaliado a amostra total (com AR + sem AR) foi
encontrada concordância baixa, porém significativa entre os testes (K = 0,146;
p = 0,024), e discordância também significativa (p = 0,001). Conclusão: A
revisão sistemática mostrou grande heterogeneidade entre os estudos, não
tendo sido possível tirar conclusões a cerca do desempenho dos testes TT e
IGRAs em pessoas com AR, devido à falta de consenso entre os resultados. O
estudo realizado em pacientes com AR do ES, não encontrou diferença entre
os grupos com e sem AR em relação a reatividade ao TT, assim como a
positividade do QTF-TB GIT. A atividade da doença não interferiu na resposta
ao TT, entretanto o tratamento imunossupressor sim. Para melhor avaliar a
utilidade dos testes estudados em pessoas com AR, serão necessários mais
estudos longitudinais e prospectivos, em populações com diferentes
prevalências e cobertura vacinal para TB, e com amostra estratificada por
características da AR como: atividade e gravidade da doença e grau de
imunossupressão pelo tratamento.

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