QUALIDADE DA ALIMENTAÇÃO, POTENCIAL INFLAMATÓRIO DA DIETA E RESISTÊNCIA À INSULINA E DIABETES MELLITUS NO ELSA-Brasil.
Nome: CARLA MORONARI DE OLIVEIRA APRELINI
Data de publicação: 14/03/2025
Banca:
Nome![]() |
Papel |
---|---|
CAROLINA PERIM DE FARIA | Examinador Interno |
MARIA DEL CARMEN BISI MOLINA | Presidente |
MARLUS HENRIQUE QUEIROZ PEREIRA | Examinador Externo |
VALDETE REGINA GUANDALINI | Examinador Interno |
VIVIAN CRISTINE LUFT | Examinador Externo |
Resumo: A resistência à insulina (RI) é considerada um preditor independente da diabetes
mellitus (DM), que é, atualmente, uma emergência global. Seus determinantes são
complexos e incluem, dentre outros fatores, os comportamentais. A inflamação
subclínica crônica participa da patogênese da RI e DM por diferentes mecanismos, e
há evidências de que a alimentação interfere nesses processos. Portanto, esta tese
tem como objetivo geral propor novo índice de qualidade da dieta e analisar a
associação entre o potencial inflamatório da dieta e a ocorrência de RI e DM. As
análises foram conduzidas com dados de três ondas do Estudo Longitudinal de Saúde
do Adulto (ELSA-Brasil): Linha de base (2008-2010), segundo seguimento (2017-
2019) e onda-Covid (2020-2021), e apresentadas em três artigos. Informações
socioeconômicas e de hábitos de vida foram coletadas por meio de questionários
estruturados, e exames clínicos e físicos padronizados. No primeiro artigo foi
desenvolvido e validado o Escore de Qualidade da Alimentação (EQA), utilizando um
Questionário de Frequência Alimentar qualitativo. Correlação de Pearson, Análise de
Componentes Principais e alfa de Cronbach foram utilizados para testar a validade e
confiabilidade. Mulheres e indivíduos com mais idade, que realizavam mais atividade
física e com maior renda apresentaram maior EQA, ao contrário daqueles que
referiram maior consumo de álcool e tabagismo. O coeficiente de alfa de Cronbach foi
de 0,47. O EQA apresentou validade e confiabilidade satisfatórias e associou-se a
variáveis socioeconômicas e de estilo de vida. No segundo artigo foi estudada a
relação entre o Índice de Inflamação da Alimentação (IIA) e condições
socioeconômicas e hábitos de vida. Foram utilizadas a Análise de Correspondência
Múltipla e a Regressão Logística Multinomial considerando p < 0,05 estatisticamente
significativo. Grupos com padrões alimentares mais anti ou pró-inflamatórios foram
expressos em gráfico bidimensional. Indivíduos de baixa renda, fumantes, do sexo
masculino, sedentários, com diagnóstico de obesidade e idade abaixo de 60 anos
apresentaram maiores chances de ter uma dieta pró-inflamatória. No terceiro artigo
foi avaliada a associação prospectiva entre o potencial inflamatório da dieta, estimado
pelo IIA, e o risco de RI e DM. Modelos ajustados de Regressão de Cox foram
utilizados considerando um valor de P bilateral de < 0,05. Identificou-se 19,6% de
casos incidentes de RI e 10,1% de DM. Estar nos quintis mais altos (maior potencial
inflamatório da dieta) no início do estudo aumentou o risco de RI e DM em ambos os
sexos. Indivíduos que sustentaram uma pontuação elevada entre os períodos
analisados aumentaram em 1,5 vezes o risco para RI (IC95% 1,2-1,9; e 1,2-1,8, entre
homens e mulheres, respectivamente). Esses resultados contribuem para maior
compreensão acerca dos aspectos de vida e de saúde que impactam sobre os
padrões alimentares, e, consequentemente, no desenvolvimento de doenças
crônicas, permitindo o aperfeiçoamento da prescrição dietética com foco na prevenção
e no tratamento da RI e DM. Além disso, o EQA desenvolvido possibilita a análise e
comparação da dieta com outras ondas do ELSA-Brasil contribuindo para a
investigação de associações entre hábitos alimentares, determinantes sociais e
desfechos de saúde no contexto da epidemiologia nutricional.