MUDANÇAS NO ESTILO DE VIDA EM ADULTOS E IDOSOS BRASILEIROS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 (SARS-CoV-2)
Nome: YAZARENI JOSE MERCADANTE URQUIA
Data de publicação: 10/07/2024
Banca:
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Papel |
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JOSE GERALDO MILL | Examinador Interno |
LUIS CARLOS LOPES JUNIOR | Examinador Interno |
MARCIA CRISTINA TEIXEIRA MARTINS | Examinador Externo |
MARIA DEL CARMEN BISI MOLINA | Presidente |
MARLUS HENRIQUE QUEIROZ PEREIRA | Examinador Externo |
Páginas
Resumo: A pandemia de COVID-19 trouxe vários desafios para os sistemas de saúde e governos em
nível mundial. Medidas de contenção foram adotadas para controlar o contágio, afetando
diversas atividades cotidianas, como práticas alimentares, consumo de bebidas, atividade
física, tempo de tela e a saúde mental. Esses fatores podem ter efeitos a longo prazo em
grupos vulneráveis, como pessoas com doenças crônicas. Este estudo tem como objetivos:
avaliar a relação entre o distanciamento social e fatores de estilo de vida em adultos do
sudeste do Brasil durante a primeira onda da pandemia de COVID-19; analisar a associação
entre a solidão e o consumo de álcool durante a pandemia em participantes do ELSA-Brasil; e
avaliar a relação entre comportamento de atividade física e tempo de tela, e consumo de
bebidas não alcoólicas entre servidores públicos, participantes do ELSA-Brasil durante a
pandemia. Foram utilizadas metodologias específicas e duas bases de dados (Estudo Ibero-
Americano sobre estilo de vida e hábitos alimentares em tempos de pandemia e Estudo
Longitudinal de Saúde do Adulto - ELSA-Brasil [Onda-COVID]). Os resultados desta tese
serão apresentados em três manuscritos: O primeiro, mostra uma diminuição no desjejum
(12,5%) e um aumento no consumo de lanches (24,5% matutino e 12,5% da tarde) e comer
entre refeições (20,4%), além do consumo de verduras e legumes entre os indivíduos que
estavam em distanciamento social e de peixe e fast food entre os que não; a maioria dos
participantes relatou ganho de peso na pandemia, e aqueles em confinamento, tiveram maior
número de horas de sono e ansiedade relacionada às estatísticas da COVID-19. O segundo
manuscrito, evidencia alta percepção de solidão entre participantes do ELSA-Brasil,
especialmente entre as mulheres. O padrão de consumo de álcool moderado e excessivo
predominou nos homens. Em ambos os sexos, o consumo total de álcool e de cerveja,
moderado e excessivo, foi maior entre aqueles que experimentavam solidão. Nas mulheres, a
solidão aumentou a probabilidade de consumo excessivo de álcool total (OR: 1,68; IC95%
1,09-2,59), e de consumo moderado (OR: 1,35; IC95% 1,07-1,69) e excessivo predominante
de cerveja (OR: 1,72; IC95% 1,04-2,82). Nos homens, a solidão teve efeito semelhante no
consumo excessivo de álcool total (OR: 1,49; IC95% 1,05-2,11) e excessivo predominante de
cerveja (OR: 1,52; IC95% 1,03-2,25). O terceiro manuscrito mostra influências de variáveis
sociodemográficas e estilo de vida no consumo de bebidas açucaradas. O tempo excessivo de
tela e inatividade física aumentaram as chances de consumir bebidas açucaradas artificiais em
homens (OR: 2,44; IC95% 1,54-3,84) e mulheres (OR: 1,72; IC95% 1,02-2,91);
comportamento também associado ao maior consumo de sucos industrializados entre homens
(OR: 2,02; IC95% 1,15-3,53) e refrigerantes entre mulheres (OR: 2,28; IC95% 1,10-4,72).
Homens com tempo de tela adequado, mas fisicamente inativos, tiveram resultados
semelhantes (OR: 1,93; IC95% 1,22-3,06) no consumo de bebidas açucaradas artificiais. Em
conclusão, a pandemia afetou negativamente os hábitos alimentares, consumo de álcool e
atividade física entre adultos brasileiros, sendo necessárias políticas para promover estilos de
vida saudáveis, especialmente entre grupos vulneráveis, e estratégias que minimizem esses
impactos em futuras pandemias.