COVID-19 EM GESTANTES E RECÉM-NASCIDOS: SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DO ESPÍRITO SANTO

Nome: ANA PAULA BRIOSCHI DOS SANTOS

Data de publicação: 23/04/2024

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANA MARIA DE BRITO Examinador Externo
ANGELICA ESPINOSA BARBOSA MIRANDA Presidente
CREUZA RACHEL VICENTE Coorientador
LAURO FERREIRA DA SILVA PINTO NETO Examinador Externo
MARCIA VALERIA DE SOUZA ALMEIDA Examinador Interno

Páginas

Resumo: Introdução: A doença do Coronavírus (COVID-19), causada pelo SARS-CoV2, foi
declarada como Pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2020. A
gestante inicialmente não foi grupo de risco, porém, percebeu-se que gravidas quando
infectadas estavam mais propensas a um quadro mais grave e óbito em comparação às
mulheres em idade reprodutiva não grávidas, além dos mecanismos fisiopatologicos que
a doença tras de agravamento existe também um agravamento relacionado a
vulnerabilidade social, principalmente entre países de baixa e média renda. Objetivos:
Analisar os efeitos da COVID-19 nos desfechos maternos e infantis e a qualidade dos
dados entre 2020 a 2022 no Espírito Santo. Metodologia: Para alcançar os objetivos
foram realizadas três estudo, primeiro um estudo descritivo utilizando-se de dados
obtidos do e-SUS VS, avaliou-se a completude no preenchimento da notificação que foi
classificada como excelente (menos de 5% de preenchimento incompleto), bom (5% a
10%),regular (10% a 20%), ruim (20% a 50%) ou muito ruim (50% ou mais), analisamos
também a oportunidade da notiicação que foi definida pela diferença entre as datas do
início de sintomas e a notificação. No segundo estudo foi realizada uma coorte
retrospectiva entre gestantes utilizando dados secundários do Sistema Nacional de
Nascidos Vivos (SINASC), Sistema Nacional de Mortalidade (SIM), e Sistema de
Vigilância em Saúde e-SUS (e-SUS VS), foram incluidas gestantes confirmadas para
COVID-19 que tinham RT-PCR positivo entre março de 2020 e maio de 2021, gestantes
sem COVID- 19 foram aquelas sem notificação para doença. O desfecho primário
analisado foi a morte materna, morte fetal e natimorto. No terceiro estudo, realizou-se um
estudo caso controle a partir de uma coorte histórica de gestantes confirmadas para
COVID-19 entre os anos de 2020 a março de 2022. Os casos foram os óbitos maternos
confirmados por COVID-19 registrados no e-SUS VS e no SIM e os controles foram
gestantes confirmadas para COVID-19 e que evoluíram para a cura da doença.
Resultados: No primeiro estudo identificou-se 8.989 notificações em gestantes. A
notificação para COVID-19 do e-SUS VS possui 59 variáveis, a completude de 53
(89,83%) variáveis foi excelente, boa e regular em 1 (1,70%), e ruim em 4 (6,77%), a
oportunidade de notificação obteve média de 3,37 dias. No segundo estudo foram
analisadas 68.673 gestantes não notificadas como suspeita de COVID-19 e 1.386 com
diagnóstico confirmado de COVID-19. Entre as gestantes com COVID-19, 1.013 (73,0%)

tinham de 20 a 34 anos, 655 (47,2%) eram pardas, 907 (65,4%) tinham 8 anos de
escolaridade, no terceiro trimestre de gestação (41,5%), submetida à cesariana
(64,5%). Em análises ajustadas, a COVID-19 na gravidez apresentou maior risco de
morte materna (risco relativo [RR] 18,73 - intervalo de confiança de 95% [IC95%] 11,07-
31,69), morte fetal/natimorto (RR 1,96 - IC95% 1,18 -3,25), nascimento prematuro [RR
1,18-IC95% 1,01-1,39], parto cesáreo (RR 1,07 - IC95% 1,02-1,11) e parto cesáreo
ocorrido antes do início do trabalho de parto (RR 1,33 - IC95% 1,23-1,44). No terceiro
estudo foram notificadas 2.030 gestantes, das quais elecionadas 37 casos e 111 controles.
Entre as gestantes que foram a óbito 35 (67,57%) eram não brancas 26 (70,27%) tinham
8 anos de estudo. 27 (72,97%) foram infectadas no 3o trimestre gestacional, 24
(77,42%) tinham até 6 consultas de pré-natal e 15 (48,39%) tinham 3 ou mais gestações
anteriores. Entre os óbitos3 (8,11%) realizaram a vacinação ainda na gestação, e 36
(97,30%) tinham o registro de infecção pelo COVID-19 antes da primeira dose da vacina.
40,54% relataram adinamia e 13 (35,14%) das gestantes que evoluíram a óbito
apresentaram pelo menos 1 comorbidade. No modelo ajustado a maior chance de óbito
materno foi descrita entre as gestantes infectada no terceiro trimestre gestacional (OR
4,67 – IC95% 1,51-14,46), com adinamia (OR 4,33 – IC95% 1,41- 13,31) com ao menos
uma comorbidade na gestação (OR 3,82 – IC95% 1,16- 12,55). Já ter mais de 7 consultas
de pré-natal se manteve com a menor chance de evoluir a óbito (OR 0,91 – IC95% 0,31-
0,26). Conclusão: A qualidade de dados referente a gestante registrada no e-SUS VS
foi excelente. A COVID-19 contribui para desfechos desfavoráveis na gravidez, os
resultados mostraram que as mulheres grávidas infectadas com SARS-CoV-2
apresentavam maior risco de morte materna, morte fetal/natimorto, parto prematuro,
parto cesáreo e cesariana ocorrida antes do início do trabalho de parto, além de fatores
ligados à assistência ao pré-natal, à exposição ao vírus no terceiro trimestre de gestação,
bem como a fatores ligados a doenças e agravos já pré-existentes na gestantes
infectadas pelo SARS-CoV-2 aumentam a chance de óbito materno.

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