MORTES POR COVID-19: ENTRE ÓBITOS E MATÉRIAS JORNALÍSTICAS NO ESPÍRITO SANTO, BRASIL

Nome: CELIA REGINA NASCIMENTO RECCO

Data de publicação: 15/12/2023

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
EDSON THEODORO DOS SANTOS NETO Orientador

Resumo: O poder midiático de dar visibilidade aos problemas de saúde, associado à
circulação rápida da informação, é essencial para a saúde, principalmente em
momentos de epidemias. Propôs-se analisar a frequência e abordagem da morte por
COVID-19 na mídia, relacionando-as aos dados epidemiológicos da doença no
estado do Espírito Santo, de 2020 a 2021. Utilizou-se um sistema robô, o
SIGCOVID-19, para captura das matérias jornalísticas, tendo sido capturadas 7.297
matérias. Após leitura e aplicação de critérios de inclusão e exclusão, obteve-se um
total de 1.803 matérias, as quais foram inseridas, mediante um protocolo, no
Research Eletronic Data Capture (REDCap). O número de óbitos foi obtido do Painel
COVID-19, da Secretaria Estadual de Saúde, tendo sido registrados 12.170 óbitos. Organizaram-se os dados por Semanas Epidemiológicas e foram calculados
frequência relativa, correlação de Spearman, Qui-Quadrado de Pearson e índice
notícia-morte. A correlação significativa não se estabeleceu entre a ocorrência de
mortes e divulgação de matérias (p-valor = 0,053), o contrário do observado para
doenças epidêmicas sazonais, apesar de a mortalidade por COVID-19 ter recebido
destaque midiático. Houve diferença proporcional nas categorias editoriais Espaço
(p-valor = 0,009), formato opinativo (p-valor = 0,590), Elementos de Edição e Fontes
Citadas (p-valor < 0,0001), com redução de infográficos (de 10,16% para 1,40%) e
aumento de matérias no espaço serviço (de 0,68% para 2,53%), nas fontes
pesquisa/pesquisadores (de 5,15% para 8,87%) e profissionais da saúde (de 5,67%
para 9,38%). As fontes oficiais/governo predominaram (44,43% em 2020 e 25,83%
em 2021), e a fonte cidadãos (8,45% em 2020 e 8,59% em 2021) teve destaque em
matérias dramáticas. Os fatores socioambientais e as condições de vida que
potencializaram o risco de infecção e morte foram pouco evidenciados nas matérias
sobre mortalidade. Percebeu-se a necessidade de colocar em debate a aproximação
entre os critérios de valoração da notícia e as necessidades de saúde. A morte
precisa ultrapassar as estatísticas e os conceitos biológicos isolados e ser abordada
nos contextos que a potencializam, visando implementar políticas públicas que deem
suporte à vida.

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