FALTA DE ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE POR MULHERES NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19: Interseccionando cor da pele, renda e escolaridade

Nome: JOSSIANE TEIXEIRA DE OLIVEIRA

Data de publicação: 12/12/2023

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
CAROLINA DUTRA DEGLI ESPOSTI Orientador

Resumo: Há farta literatura mostrando a necessidade de fortalecimento de um sistema
de serviço de saúde acessível, equitativo, integral e resolutivo. No Brasil, contudo, existem
barreiras ao acesso aos serviços de saúde, especialmente por parte da população negra, de
menor renda e menor escolaridade. Objetivos: O objetivo geral desta dissertação foi
analisar a falta de acesso aos serviços de saúde no contexto da pandemia de COVID-19 por
mulheres, interseccionando cor da pele, renda e escolaridade. Método: Estudo transversal
de base populacional, a partir da realização de entrevistas em domicílio com 1.107
mulheres com dezoito anos ou mais de idade residentes no município de Vitória, Espírito
Santo. As entrevistas foram realizadas utilizando-se o aplicativo Redcap contendo um
questionário com questões de múltipla escolha. O estudo teve como variável dependente a
falta de acesso à consulta médica e como varáveis independentes cor da pele, renda,
escolaridade, idade, posse de plano de saúde e Jeopardy index. Foram calculadas as
prevalências e a razão de prevalência da falta de acesso segundo variáveis independentes e
seus respectivos intervalos de confiança. Nas análises bivariadas, foi realizado o teste do
qui-quadrado. As análises ajustadas foram realizadas utilizando-se regressão de Poisson
com variância robusta. Para todos os testes de hipóteses foi adotado um nível de
significância de 5%. Resultados: De um total de 1.107 mulheres, 64,4% delas perceberam
que precisavam ser atendidas por um médico generalista. Dessas 91,9% procuraram pelo
atendimento e 6,6% delas apresentaram falta de acesso aos serviços de saúde. A maior
prevalência de falta de acesso ocorreu entre mulheres adultas (9,8%; IC 6,7-14,3), não
brancas (RP 8,1%; IC95% 5,8-11,3), de nível mais baixo de renda (RP 10,6%; IC 6,7-16,2),
sem plano de saúde (RP 6,6; IC95% 2,6-17,1). A análise segundo o Jeopardy index
mostrou que mulheres não brancas, com pior renda e pior escolaridade apresentaram
prevalência 11 vezes maior para a falta de acesso quando comparadas às mais privilegiadas.
A análise estratificada mostrou que no grupo de mulheres não brancas aquelas de menor
renda e apresentaram maior prevalência de falta de acesso (12,5; IC95% 7,8 – 19,5).
Conclusões: Os achados do estudo mostram que quanto mais categorias de opressão se
interseccionam, maior a falta de acesso aos serviços de saúde por mulheres. Isso
demonstra a necessidade de investimento em políticas mais equitativas, para a garantia
do acesso aos serviços de saúde.

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