O Diálogo Como Resposta à Judicialização da Saúde no Município de Barreiras – BA

Nome: FABIANA DE CARVALHO CALIXTO
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 19/12/2022
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
ANA PAULA SANTANA COELHO ALMEIDA Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANA PAULA SANTANA COELHO ALMEIDA Orientador
ANDREA SANTANA LEONE DE SOUZA Examinador Externo
CAROLINA DUTRA DEGLI ESPOSTI Suplente Interno
CLAYTON DA SILVA BARCELOS Suplente Externo
MARIA ANGELICA CARVALHO ANDRADE Examinador Interno

Páginas

Resumo: A Constituição Federal de 1988 implementou, no Brasil, o chamado Estado Democrático de
Direito, assinalando o compromisso de garantir direitos sociais aos cidadãos, sem quaisquer
distinções. Todavia, à medida que uma sociedade vai se tornando mais complexa e o Estado é
convocado a assumir novos encargos, há, por consequência, maior legalização, burocratização
e judicialização. No âmbito da saúde, os obstáculos impostos pelo fenômeno da judicialização
vêm exigindo da gestão pública comportamentos administrativa e judicialmente diferenciados,
no sentido de atender às decisões judiciais, controlar o aumento de novas ações e, ainda, garantir
a observância dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse sentido, a
presente pesquisa teve por objetivo analisar a potencial adequabilidade da adoção de práticas
dialógicas para o enfrentamento da judicialização da saúde no município de Barreiras – BA. O
desenho metodológico uniu abordagens qualitativa e quantitativa, a fim de identificar as
práticas dialógicas constantes da literatura, explorar as estratégias de diálogo empregadas na
condução de processos ajuizados pela Defensoria Pública no município e discutir as
perspectivas de atores envolvidos com as demandas de saúde. Os resultados são apresentados
em formatos de artigos científicos. O primeiro artigo consistiu em uma revisão sistematizada
da literatura, evidenciando as diversas experiências dialógicas adotadas no Brasil para
enfrentamento da judicialização da saúde. O estudo demonstrou que as medidas cooperativas -
principalmente a mediação, como estratégia pré-processual, e a consolidação de núcleos de
apoio técnico, em relação aos processos já judicializados – concorrem, efetivamente, para a
diminuição da sobrecarga dos mecanismos judiciais e promovem o empoderamento e satisfação
dos protagonistas. O segundo artigo, por sua vez - um estudo documental voltado à exploração
das estratégias adotadas na condução de processos de saúde acompanhados pela Defensoria

Pública no município de Barreiras-BA - demonstrou forte atuação da instituição na etapa pré-
processual, buscando resolver os conflitos de forma extrajudicial, por meio de ofícios. Por outro

lado, a postura dos órgãos destinatários indicou que a gestão pública da saúde não tem a
resolução extrajudicial como prioridade. Restou evidente, ademais, a necessidade de
fortalecimento do Núcleo de Apoio Técnico do Poder Judiciário (NAT-Jus), ainda pouco
consolidado no Judiciário baiano. O terceiro artigo realizou entrevistas semiestruturadas para
discutir as percepções dos atores institucionais sobre a adoção de práticas dialógicas, enquanto
estratégia de enfrentamento da judicialização da saúde em Barreiras, e as formas de condução
das demandas que lhe são apresentadas. Os dados evidenciaram que a construção de sentidos
reflete no âmbito das práticas sociais. Por fim, em resposta ao questionamento ensejador da
pesquisa, concluiu-se que as práticas dialógicas apresentam elevado potencial para
enfrentamento da judicialização da saúde no município estudado.

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