Padrões alimentares, processamento de alimentos e obesidade: um estudo em trabalhadores rurais do Sudeste brasileiro

Nome: MONICA CATTAFESTA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 23/07/2021
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
LUCIANE BRESCIANI SALAROLI Orientador

Banca:

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RENATA MORAES BIELEMANN TEIXEIRA Examinador Externo
VALDETE REGINA GUANDALINI Suplente Externo

Páginas

Resumo: Apesar da importância dos hábitos alimentares para o processo saúde-doença, há lacunas quanto a análise do consumo alimentar de trabalhadores e populações rurais, assim como no acompanhamento do estado nutricional desses grupos. Dessa forma, objetivou-se analisar o consumo alimentar de trabalhadores rurais e sua associação com fatores sociodemográficos, laborais, de estilo de vida e obesidade no município de Santa Maria de Jetibá, Espírito Santo, Brasil. Trata-se de um estudo epidemiológico transversal com 740 agricultores (51,5%, n = 381 homens; 48,5%, n = 359 mulheres), no qual os dados alimentares foram obtidos por múltiplos recordatórios alimentares de 24 horas. Os padrões alimentares foram determinados a posteriori por meio da Análise de Componentes Principais com rotação ortogonal Varimax e os alimentos foram classificados segundo o grau e a finalidade de seu processamento. Ainda, a obesidade geral foi avaliada pelo Índice de Massa Corporal e a obesidade abdominal pelo Perímetro da Cintura, ambos classificados de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Como principais achados desta investigação foram identificados três padrões alimentares, sendo o primeiro padrão, “local tradicional”, associado a variáveis sociodemográficas e laborais. Observou-se também a permanência de um padrão “tradicional brasileiro” e a ocorrência de um padrão “industrializado”. A respeito do processamento de alimentos, a maior contribuição calórica da dieta desses trabalhadores proveio do grupo dos alimentos minimamente processados (64,7%), seguido por alimentos ultraprocessados (17,7%), ingredientes culinários processados (12,4%) e alimentos processados (5,2%). Indivíduos no quarto quartil de contribuição calórica de alimentos minimamente processados apresentaram menor consumo de energia (&#946; -0,16, P < 0,001) e maior consumo de todos os 15 micronutrientes analisados. De maneira oposta, a maior contribuição calórica dos alimentos ultraprocessados esteve associada ao maior conteúdo calórico da dieta (&#946; 0,17, P < 0,001) e ao menor consumo de todos os 23 nutrientes analisados. Ademais, a prevalência geral de obesidade nessa população foi de 19,7% (IC95% = 16,8–22,6%) e a de obesidade abdominal foi de 31,5% (IC95% = 28,2–34,8%), sendo elas maiores nas mulheres (P < 0,001). Homens de classe socioeconômica mais alta apresentaram prevalência de obesidade 2,3 vezes maior (IC95% = 1,08–4,90). Para as mulheres, quanto maior a faixa etária, maior foi a obesidade geral e central. Ainda, a menor adesão a padrões alimentares tradicionais (aproximadamente RP = 1,6 para obesidade geral e RP = 1,3 para obesidade abdominal) e um maior número de locais para a compra de alimentos foram associados a maiores taxas de obesidade. Por fim, agricultoras com maior carga horária de trabalho tinham prevalência de obesidade 20% menor (RP = 0,80; IC95% = 0,65–0,97). Os achados indicam que a população
rural estudada mantém o consumo de padrões alimentares tradicionais, mas também aderem ao consumo de alimentos industrializados, especialmente os mais jovens, de classe socioeconômica mais elevada e aqueles com hábitos de um rural mais urbanizado. Ainda, a maior contribuição calórica dos alimentos, segundo seu grau e propósito de processamento, proveio dos alimentos minimamente processados, seguida dos alimentos ultraprocessados. Ademais, a maior adesão aos padrões alimentares tradicionais foi associada a menor obesidade em trabalhadoras rurais. Por fim, os dados demonstram que a obesidade também deve ser pauta no cuidado em saúde de populações remotas e rurais, uma vez que essa população apresenta elevada prevalência de obesidade geral e obesidade abdominal.

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