ESTUDO DE BASE HOSPITALAR SOBRE GASTROSQUISE NO ESPÍRITO SANTO, BRASIL ENTRE 2000 E 2018
Nome: VIRGINIA MARIA MUNIZ
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 06/08/2021
Orientador:
Nome | Papel |
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ELIANA ZANDONADE | Orientador |
LUCIANE BRESCIANI SALAROLI | Co-orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ANA DANIELA IZOTON DE SADOVSKY | Examinador Externo |
EDSON THEODORO DOS SANTOS NETO | Examinador Interno |
ELIANA ZANDONADE | Orientador |
GUSTAVO ENRICO CABRAL RUSCHI | Examinador Externo |
LUCIANE BRESCIANI SALAROLI | Coorientador |
Páginas
Resumo: Introdução: A gastrosquise é motivo de interesse para diversos profissionais da saúde, devido as controvérsias quanto a sua patogênese, ao aumento temporal na prevalência, aos fatores de risco ainda não totalmente esclarecidos e aos progressos das técnicas do tratamento. Objetivos: Verificar o perfil assistencial e os fatores de risco para o óbito de neonatos com gastrosquise admitidos em três hospitais públicos da Região Metropolitana da Grande Vitória - Espírito Santo. Método: Estudo multicêntrico de coorte retrospectiva realizado com pacientes portadores de gastrosquise admitidos nas unidades de terapia intensiva neonatal do Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória (HEINSG), Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (HEIMABA) e Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves (HEJSN) entre janeiro de 2000 a dezembro de 2018. Os pacientes foram comparados por grupos de nascidos em centro de referência ou fora, e grupos de óbitos ou sobreviventes. Testes estatísticos foram realizados e foi considerada significância estatística quando o p-valor < 0,05. Resultados: Foram investigados ao todo 144 neonatos. O grupo de pacientes nascidos fora do serviço de referência apresentou maiores taxas de ausência de diagnóstico pré-natal da gastrosquise (p = 0,001), do parto vaginal (p = 0,001), maior tempo entre o parto e a cirurgia de fechamento da parede abdominal (p = 0,001), até a retirada do silo (p = 0,001), até a primeira alimentação enteral (p = 0,008), para desmame da ventilação mecânica (p = 0,034), utilizou menos o cateter central de inserção periférica (PICC) e apresentou menor média de sódio sérico (p = 0,015), quando comparado com o grupo de neonatos que nasceram em centros de referência. As médias de idade materna (p = 0,040), idade gestacional (p = 0,001) e peso ao nascer (p = 0,000) foram menores no grupo dos óbitos. As condições clínicas desfavoráveis na internação (p = 0,005), a gastrosquise complexa (p = 0,001), o fechamento da parede abdominal com a colocação do silo (p = 0,001), o uso de hemoderivados (p = 0,022), as complicações cirúrgicas (p = 0,001) e a síndrome do intestino curto foram mais frequentes no grupo dos óbitos (p = 0,001). A gastrosquise complexa (OR = 3,74; IC95% = 1,274 11,019) e a síndrome do intestino curto (OR = 7,55; IC95% = 2,177 26, 225) aumentaram o risco de óbito. O maior peso de nascimento reduziu o risco para a mortalidade (OR = 0,99; IC95% = 0,997-1,000). Conclusão: Embora os resultados desse estudo possam sugerir que nem todos os neonatos com gastrosquise devam nascer em centro de referência terciário, deve ser destacado que é necessário o transporte mais rápido e especializado para os pacientes que nascem fora dos centros de referência, e que sejam garantidos leitos em unidades de cuidados neonatais de referência, com o objetivo de reduzir o tempo entre o parto e a primeira intervenção cirúrgica. Estes achados podem contribuir na formulação de protocolos para a melhoria da qualidade e segurança do atendimento em casos de gastrosquise. Em outra esfera apresenta elementos para gestão de políticas públicas de redução da mortalidade neonatal de malformações congênitas evitáveis por tratamento cirúrgico, como a gastrosquise.