Consumo de Bebidas Álcoolicas e Desfechos Cardiometabólicos em Duas Coortes (ELSA-Brasil e PREDIMED-Plus)

Nome: OSCAR GEOVANNY ENRIQUEZ MARTINEZ
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 21/03/2023
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
MARIA DEL CARMEN BISI MOLINA Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ROSANE HARTER GRIEP Suplente Externo
TAÍSA SABRINA SILVA PEREIRA Examinador Externo

Páginas

Resumo: O consumo global de bebidas alcoólicas tem aumentado nas últimas décadas e está associado
a desfechos cardiometabólicos. Investigar os efeitos do consumo de bebidas alcoólicas é
impotante, uma vez que a Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere que não há nível
seguro de consumo, embora os resultados sejam conflitantes. O consumo moderado de
bebidas aloolicas pode trazer benefícios, principalmente para a saúde cardiovascular. No
entanto, ainda há lacunas no conhecimento sobre o seu verdadeiro efeito devido à falta de
padronização do teor alcoólico, quantidade de doses e tipo de bebida, que pode ser cerveja,
vinho ou destilados. Portanto, o objetivo deste estudo é investigar a relação entre o consumo
de bebidas alcoólicas e os desfechos cardiometabólicos em duas coortes, o Estudo
Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) e o Prevención con Dieta Mediterranea
PREDIMED-Plus. O ELSA-Brasil é uma coorte de servidores públicos ativos e aposentados
de seis instituições, de ambos os sexos, e idade entre 34 e 74 anos, pertencentes às
Universidades Federais da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo
e Fundação Oswaldo Cruz/ Rio de Janeiro. Esse estudo tem por objetivo investigar a
incidência das doenças crônicas na população brasileira adulta, sobretudo as doenças
cardiovasculares e o diabetes tipo 2. O PREDIMED-Plus é um ensaio clínico randomizado,
multicêntrico, conduzido por 20 instituições de educação superior na Espanha com 6000
participantes alocados em dois grupos: grupo intervenção (3000) e grupo controle (3000). Os
participantes são homens de 55 a 75 anos e mulheres de 60 a 75 anos, com Índice de Massa
Corporal (IMC) ≥27 e >40 kg/m2

, que preencham pelo menos 3 critérios para síndrome
metabólica, ou risco cardiovascular. Os resultados desta Tese foram escritos em três artigos
originais. O primeiro manuscrito teve como objetivo avaliar os fatores associados aos níveis
de HDL-C, com destaque para o Baixo HDL-C e o HDL-C extremamente alto utilizando
dados do ELSA-Brasil. Os resultados mostraram que fatores sociodemográficos,
antropométricos, de estilo de vida e saúde estão relacionados aos níveis de HDL-C. Mulheres,
indivíduos negros, idosos e consumidores de álcool apresentaram menor probabilidade de ter
baixo HDL-C, enquanto fumantes, indivíduos com sobrepeso, relação cintura-quadril
inadequada, triglicerídeos e LDL-C alterados tiveram maior probabilidade de apresentar baixo
HDL-C. Já para os níveis extremamente altos de HDL-C, os resultados mostraram menor
probabilidade para fumantes, indivíduos com sobrepeso, relação cintura-quadril inadequada,
triglicerídeos e LDL-C alterados e maior probabilidade para mulheres, indivíduos negros,

idosos e consumidores de álcool. O segundo artigo também utilizando dados do ELSA-Brasil,
avaliou a associação do consumo excessivo de bebidas alcoólicas e níveis extremadamente
altos de HDL-C, encontrando uma associação positiva OR CI 95% (1,92 1,4-2,5). E o terceiro
artigo avaliou a associação entre consumo de álcool e variáveis cardiometabólicas e

antropométricas em duas populações; brasileira (ELSA-Brasil) e espanhola (PREDIMED-
Plus): análise transversal e longitudinal. Foi observado que o aumento no consumo de bebidas

alcoólicas está associado a valores mais altos de variáveis antropométricas e cardiovasculares,
como peso corporal, β IC 95% (2,9 1,09-4,72), circunferência da cintura β IC 95% (0,54 0,14-
0,94), IMC β IC 95% (0,22 0,10-0,35), glicose β IC 95% (1,8 0,46-3,15), hemoglobina
glicada β IC 95% (0,03 -0,01-0,07), colesterol total β IC 95% (3,26 1,48-5,03), colesterol
HDL β IC 95% (0,12 -0,35-0,58), colesterol LDL β IC 95% (0,78 -0,80-2,36), triglicerídeos β
IC 95% (12,21 8,45-15,9), pressão arterial sistólica β IC 95% (0,8 0,03-1,56) e diastólica β IC
95% (0,88 0,44-1,31). Além disso, observamos que bebedores moderados e excessivos têm
mais chances de apresentar 4 ou 5 critérios da síndrome metabólica. Conclui-se que o
consumo de bebidas alcoólicas tem um efeito nas variáveis cardiometabólicas,
independentemente do tipo e da quantidade, apresentando diferentes efeitos na saúde. Esses
achados são respaldados pelo fato de que as análises foram feitas em dois continentes
diferentes, e os resultados encontrados foram semelhantes. No entanto, é importante ressaltar
que os níveis de HDL-C devem ser analisados com cautela, uma vez que a bebida alcoólica
pode aumentar esses níveis, sendo que o consumo excessivo tem maior probabilidade de
chegar a níveis extremamente altos, o que não é positivo para a saúde cardiovascular. Esses
resultados têm implicações significativas para a prática clínica, uma vez que podem ajudar os
profissionais de saúde a abordar de maneira mais eficaz os pacientes que consomem bebidas
alcoólicas.

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