A RESPONSABILIDADE ÉTICA DA NUTRIÇÃO FRENTE À QUESTÃO AMBIENTAL

Nome: MARCELO ELISEU SIPIONI

Data de publicação: 13/09/2023

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
MARIA ANGELICA CARVALHO ANDRADE Orientador

Resumo: Este trabalho parte da premissa de que vivemos um contexto de emergência
ambiental na qual a ação do ser humano representa a principal força geológica do
planeta, o que configura a teoria do Antropoceno. A previsão de que este contexto
coloca em risco as gerações futuras tem mobilizado diferentes atores para frear esse
avanço predatório do ser humano a partir de novas e necessárias concepções sobre
a relação entre humanidade e Natureza, de forma a não mais a submetermos à
valoração instrumental típica do antropocentrismo utilitarista, defendendo uma
concepção de pertencimento a Ela, não de superioridade. Nesse sentido, o sistema
alimentar hegemônico representa uma das esferas em que esse avanço predatório
acontece, uma vez que utiliza tecnologias e métodos produtivos extremamente
agressivos frente à Natureza. Tal análise nos permite identificar a implicação da
Nutrição nessa temática, uma vez que se configura campo de conhecimentos e
práticas intrinsecamente relacionado à lógica dos sistemas alimentares, a exemplo do
que se observa a partir da análise do que tem sido chamado Sindemia Global. Assim,
este trabalho teve o objetivo de identificar a percepção das lideranças nacionais do
campo da Nutrição do Brasil no que se refere à responsabilidade da Nutrição e do
nutricionista frente à questão ambiental. Desta forma, realizou-se uma pesquisa
descritiva com abordagem qualitativa com as principais lideranças nutricionistas, em
nível nacional, que, no período de realização do estudo, ocupavam algum cargo de
gestão nas entidades ou órgãos profissionais, acadêmicos ou de políticas públicas do
campo da alimentação e nutrição do Brasil. As lideranças foram contatadas e
entrevistadas por meio de videochamada durante o primeiro semestre de 2022. As
questões buscaram identificar nas lideranças as percepções e opiniões que possuíam
sobre a questão ambiental, de forma geral, e os desafios gerais do campo da Nutrição,
além de solicitarem que expressassem suas perspectivas e análises sobre a
implicação, real e ideal, do campo da Nutrição no Brasil com a questão ambiental na
atualidade. Os dados foram submetidos à análise temática. Nossos achados permitem
afirmar que as lideranças do campo da Nutrição no Brasil reconhecem a emergência
da questão ambiental e a implicação inevitável da Nutrição nesse contexto,
especialmente por meio da lógica dos sistemas alimentares. Contudo, compreendem
como incipientes o debate e as ações realizadas neste campo para que se insira, de
forma qualificada, junto ao conjunto de atores que buscam reverter as consequências
da destruição da Natureza em diversas frentes. Entre os principais desafios

apresentados, consta a necessidade de um processo formativo e informativo que
permita a defesa de uma concepção de Nutrição ampliada, que estimule reflexões
para além da lógica reducionista nutricional. Nesse sentido, a partir dos achados desta
pesquisa, e tendo como base propostas éticas que se afastam do antropocentrismo
utilitário, como o Princípio Responsabilidade de Hans Jonas, identificamos a
necessidade de a Nutrição refletir sobre a ampliação dos pressupostos ético-políticos
que embasam seu campo de práticas e de conhecimentos, assumindo a tarefa de
direcionar a promoção da alimentação saudável e adequada para todos os envolvidos
e implicados no sistema alimentar, não apenas para o indivíduo que come.

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