Consumo de Alimentos Ultraprocessados, Excesso de Peso, Experiências Adversas na Infância e Bullying na Adolescência Tardia

Nome: DAIENE ROSA GOMES
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 09/12/2022
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
EDSON THEODORO DOS SANTOS NETO Co-orientador
LUCIANE BRESCIANI SALAROLI Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
EDSON THEODORO DOS SANTOS NETO Coorientador
ELIZABETE REGINA ARAÚJO DE OLIVEIRA Suplente Interno
LUCIANE BRESCIANI SALAROLI Orientador
MARCELA DE SÁ BARRETO DA CUNHA Examinador Externo
MARIA DEL CARMEN BISI MOLINA Examinador Interno

Páginas

Resumo: Introdução: O consumo alimentar na adolescência é marcado pelo aumento na ingestão
de alimentos ultraprocessados e redução na ingestão de alimentos in natura ou
minimamente processados. A vitimização por bullying tem contribuído para o maior
consumo dos alimentos ultraprocessados, que pode levar ao ganho excessivo do peso
corporal. Soma-se a esse fato, o papel preditor da exposição às adversidades na infância
com o desenvolvimento do excesso de peso na adolescência. Objetivo: Estudar o
consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e alimentos
ultraprocessados, o excesso de peso e suas associações com as experiências adversas na
infância e o bullying na adolescência tardia. Metodologia: Estudo epidemiológico
transversal analítico realizado com 2285 adolescentes na faixa etária entre 15 e 19 anos,
pertencentes a Região Metropolitana da Grande Vitória - Espírito Santo, Brasil. A coleta
de dados ocorreu de dezembro 2016 a abril 2017. O consumo dos alimentos in natura ou
minimamente processados e alimentos ultraprocessados foi obtido a partir da aplicação
do questionário que contém 15 subgrupos de alimentos frequentemente consumidos no
Brasil. O estado nutricional foi avaliado por meio do Índice de Massa Corporal para
Idade. O bullying foi quantificado por meio do Olweus Bully/Victim Questionnaire. Para
avaliar a exposição às adversidades na infância, foi utilizada a versão portuguesa do
Questionário da História de Adversidade na Infância. O teste qui-quadrado de Pearson foi
utilizado para analisar as diferenças de proporções. O modelo de regressão logística
binária foi utilizado para investigar a associação entre as variáveis independentes e os
desfechos, sendo apresentado o odds ratio e seu respectivo intervalo de confiança de 95%,
com nível de significância menor que 5%. Resultados: Os resultados estão apresentados
em formato de artigos. No primeiro artigo, o maior consumo de alimentos in natura ou
minimamente processados foi associado ao trabalho remunerado do adolescente
(OR=1,27; IC95%:1,04-1,56), a alta renda familiar (OR=1,5; IC95%=1,10-2,17) e a
prática de atividade física (OR=1,9; IC95%=1,45-2,63). A cor da pele parda/preta
(OR=1,3; IC95%=1,02-1,61) e o hábito de comer enquanto navega na internet (OR=1,4;
IC95%=1,02-1,88) aumentaram as chances de consumir os alimentos ultraprocessados.
Estar matriculados em escolas particulares e no terceiro/quarto ano do ensino médio
reduziram em 41,7% e 37,2%, respectivamente, o consumo dos alimentos
ultraprocessados. No segundo artigo, identificou-se duas ações de maus tratos associadas
ao maior consumo dos alimentos ultraprocessados (“estragaram minhas coisas”:
OR=1,32; IC95%=1,07-1,64 e “fizeram ou tentaram fazer com que os outros não
gostassem de mim”: OR=1,33; IC95%=1,07-1,66), em relação aos estudantes que não
sofreram tal violência. Quanto a contribuição do bullying com a maior probabilidade do
consumo de alimentos ultraprocessados foram encontrados quatro eventos da vitimização
física (“puxaram meu cabelo ou me arranharam”: OR=2,16; IC95%=1,19-3,89; “pegaram
meu dinheiro ou minhas coisas sem a minha permissão”: OR=1,51; IC95%=1,04-3,89;
“estragaram minhas coisas”: OR=1,74; IC95%=1,22-2,49; “fui forçado a agredir outro(a)
colega”: OR=2,47; IC95%=1,07-5,69); três eventos da vitimização verbal (“fui xingado”:
OR=1,40; IC95%=1,10-1,78; “fizeram zoações por causa do meu sotaque”: OR=1,51;

10
IC95%=1,03-2,23; “colocaram apelidos vexatórios em mim”: OR=1,55; IC95%=1,15-
2,10); e um evento de vitimização social (“deram risadas e apontaram para mim”:
OR=1,44; IC95%=1,05-1,97), em comparação aos adolescentes que não sofreram
bullying. Terceiro artigo: a prevalência do excesso de peso foi de 14,0%. O “abuso
sexual” (OR=1,39; IC95%:1,01-1,92), a “violência doméstica” (OR=1,71; IC95%:1,07-
2,73), o “divórcio ou separação parental” (OR=1,31; IC95%:1,015-1,69), a “negligência
física” (OR=1,90; IC95%:1,35-2,67) e a “negligência emocional” (OR=1,76;
IC95%:1,28-2,42), assim como a exposição de 4 a 10 adversidades (OR=1,64;
IC95%:1,05-2,56), contribuíram para o aumento da frequência do excesso de peso de
adolescentes, comparado aos que não sofreram tais adversidades. Conclusão: Conclui-se
que o maior poder aquisitivo e a prática de atividade física influenciam o maior consumo
dos alimentos in natura ou minimamente processados. Por outro lado, se declarar da cor
da pele parda/preta e a utilização da internet ao comer aumentam as chances para a maior
ingestão dos alimentos ultraprocessados. Ao passo que ser oriundos de escolas
particulares e estar matriculados no terceiro/quarto ano do ensino médio foram fatores de
proteção para o consumo dos alimentos ultraprocessados. Além disso, os adolescentes
que foram vítimas de maus-tratos e/ou bullying estão mais propensos a apresentarem o
maior consumo dos alimentos ultraprocessados comparado aos que não sofreram essa
violência. Ademais, os adolescentes que vivenciaram as adversidades na infância são
mais prováveis de desenvolver excesso de peso comparado aos que não sofreram tais
adversidades. Por fim, sugere-se que haja a promoção de ações de educação alimentar e
nutricional no ambiente escolar e familiar, além de intensificar o desenvolvimento de
estratégias anti-bullying nas escolas, incentivo ao consumo de alimentos saudáveis e
incluir a prevenção das adversidades na infância como uma medida de saúde pública para
prevenção e tratamento da obesidade na adolescência.

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