Repercussões maternas e neonatais da gravidez na adolescência no Brasil

Nome: THAMARA DE SOUZA CAMPOS ASSIS
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 30/11/2021
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
EDSON THEODORO DOS SANTOS NETO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALISSON ARAÚJO Examinador Externo
ANGELICA ESPINOSA BARBOSA MIRANDA Examinador Interno
CAROLINA DUTRA DEGLI ESPOSTI Examinador Interno
EDSON THEODORO DOS SANTOS NETO Orientador
KATRINI GUIDOLINI MARTINELLI Coorientador

Páginas

Resumo: Introdução: A gravidez na adolescência é um tema de grande relevância no âmbito da saúde reprodutiva brasileira, por apresentar alta prevalência e por ser uma das principais causas de morbimortalidade de adolescentes. Além disso, a reincidência de gravidez nessa fase da vida em países de baixa e média renda ainda apresenta taxas consideráveis. No Brasil, as ocorrências de gravidez na adolescência não têm diminuído nos últimos anos e, em grande parte, acontece em lugares de contextos sociais de desigualdade e falta de acesso à saúde. Por isso, a gravidez na adolescência, seja na primípara ou multípara, pode apresentar repercussões desfavoráveis no parto e nascimento. Objetivo: Analisar as gestações e partos de adolescentes no Brasil e suas repercussões maternas e neonatais. Métodos: Trata-se de um estudo com dados do “Nascer no Brasil: Inquérito Nacional sobre o Parto e Nascimento”, sendo realizado com puérperas e seus recém-nascidos, no período de fevereiro de 2011 a outubro de 2012, em todas as regiões do país, em 191 municípios e 266 estabelecimentos hospitalares. A população foi de 4.571 puérperas menores de 20 anos e seus recém-nascidos, categorizadas pela idade de 12 a 16 anos e de 17 a 19 anos. Os dados foram analisados de forma descritiva e inferencial, através de frequências absolutas e relativas, além de teste qui-quadrado de Pearson ou Exato Fisher. Foi realizada regressão logística univariada e múltipla para determinar as associações, com controle dos fatores confundidores. Resultados: As gestantes de 12-16 anos, quando comparadas as adolescentes de 17-19 anos residiam mais na região Nordeste do país (p=0,014), não tinham companheiro (p<0,001), engravidaram sem intenção (p<0,001), apresentaram escolaridade inadequada para a idade (p=0,033), realizaram menos de seis consultas de pré-natal (p=0,021), mais a episiotomia (p=0,042) e a prematuridade espontânea (p=0,014). A reincidência da gravidez na adolescência esteve associada à idade materna de 17-19 anos (OR=3,35; IC95%=2,45-4,59), à escolaridade inadequada para a idade (OR=4,34; IC95%=3,50-5,39), à não intencionalidade de engravidar (OR=2,34; IC95%=1,77-3,08), à residência na capital do estado (OR=1,40; IC95%=1,10-1,78) e ao fato do companheiro ser chefe da família (OR=2,07; IC95%=1,47-2,91). As adolescentes primíparas apresentaram maior chance de doença hipertensiva (OR=1,54; IC95%=1,01-2,35) e crescimento intrauterino restrito (OR=1,90; IC95%=1,23-2,91). Além disso, os fatores associados ao near miss neonatal em recém-nascidos de mães adolescentes foram: fonte de pagamento público (OR=4,57, IC95%=2,02-10,32), peregrinação por maternidades (OR=1,52; IC95%=1,05-2,20) e presença de near miss materno (OR=5,92; IC95%=1,94-18,05), além de história de baixo peso (OR=3,12; IC95%=1,61–6,04) e gemelaridade (OR=7,49; IC95%=3,28-16,82). Conclusão: Este estudo delineia aspectos da
gravidez na adolescência no Brasil associados à idade materna e seus desfechos, assim como os fatores associados à sua reincidência. Dessa forma, acredita-se que estratégias eficazes na postergação da gravidez na adolescência, como o delineamento de políticas públicas condizentes com as vulnerabilidades da adolescente e a atuação dos profissionais de saúde, que estabelecem vínculos e realizem a assistência voltada às especificidades das adolescentes, são possibilidades para a diminuição dos impactos sociais e na saúde da adolescente.

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