ESTUDO DE ARTICULAÇÕES TEMPOROMANDIBULARES COM RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PACIENTES COM ARTRITE REUMATOIDE
Nome: ANA MARIA TAMELINI
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 23/08/2021
Orientador:
Nome |
Papel |
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| VALÉRIA VALIM CRISTO | Orientador |
Banca:
| Nome |
Papel |
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| MARCOS ROSA JÚNIOR | Examinador Externo |
| MARIA HELENA MONTEIRO DE BARROS MIOTTO | Examinador Interno |
| VALÉRIA VALIM CRISTO | Orientador |
Resumo: Introdução: Artrite Reumatoide (AR) é uma doença crônica autoimune caracterizada, sobretudo, por processo inflamatório das articulações sinoviais. A articulação temporomandibular (ATM) é uma articulação sinovial e por isso pode ser acometida na AR. Estudos usando métodos de avaliação diferentes descrevem frequência de acometimento da AR na ATM de 5% até 86%. A Ressonância Magnética (RM) é um método de imagem com sensibilidade e especificidade altas, porém há poucos estudos da ATM por esse método na AR. A hipótese desse estudo é que a ATM é uma articulação frequentemente acometida pela AR e que está associada com atividade de doença sistêmica e perda funcional mandibular e sistêmica. Objetivos: Descrever e quantificar os achados de imagem pela RM das ATMs na AR, correlacionar o grau de acometimento das ATMs com alterações clínicas e radiológicas, atividade de doença e limitação funcional sistêmica e mandibular. Metodologia: Estudo observacional transversal avaliou pacientes adultos com idade de 18 até 60 anos, com diagnóstico de AR pelos critérios clínicos e laboratoriais do American College of Rheumatology / European Laegue Against Rheumatism (ACR / EULAR 2010) triados de ambulatórios de reumatologia. O cálculo da amostra foi por amostragem não probabilística e tamanho amostral calculado foi de 44 participantes pelo método para populações finitas no software Epi Info (Versão 6), considerando o tamanho da população, nível de confiança de 95%, erro de 5%, prevalência de 70%, probabilidade do evento não ocorrer (q=0,3). Foi adicionado 10% à amostra para resguardar possíveis perdas e desistências, totalizando amostra de 48 participantes. Os indivíduos foram entrevistados com formulário padronizado para informações demográficas, clínicas e laboratoriais. A avaliação da atividade da doença foi pelo instrumento Disease Activity Score 28 (DAS 28). Foi utilizado questionário do Índice de Limitação Funcional da ATM pelo Mandibular Function Impairment Questionnaire (MFIQ) e a incapacidade geral foi medida pelo Health Assessment Questionnaire (HAQ). Foi utilizado questionário padrão dos serviços de RM para Biossegurança e obtido Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os exames das ATMs foram realizados em equipamento de RM de 1,5 T (Tesla), modelo Intera (Philips), com protocolo sem e com contraste intravenoso. Os pacientes foram anonimizados pelo programa DICOM anonimyzer e a avaliação das imagens de RM foi realizada por dois (02) radiologistas cegados, utilizando os critérios do German Scoring System. Foi realizada avaliação da concordância interobservador e intraobservador com 20% da amostra (total de 10 indivíduos e 20 articulações) pelo método Coeficiente de Concordância Intraclasse (CCI) para variável quantitativa. A análise estatística utilizou a análise univariada para descrição do perfil populacional, bem como o Teste t para analisar a relação entre variáveis independentes e o desfecho. A Regressão Linear Múltipla foi utilizada para analisar a relação de um conjunto de variáveis independentes e as alterações temporomandibulares. Resultados: Foram incluídos 50 pacientes com AR e foram analisados 100 ATMs por RM, entre agosto e setembro de 2020. A idade média foi de 49.2 ± 8 anos e 92% eram do sexo feminino, 47% tinham história familiar e 47% estavam usando alguma droga modificadora do curso da doença (DMCD). A maioria residente no município Serra (41%), raça parda (50%), tem ensino médio completo (42%), são trabalhadores do lar (31%) e 15% aposentados. A maioria tem MFIQ com acometimento grau 4 (68%) e grau severo de limitação (70%), DAS-28 com atividade intensa (48%) e HAQ com incapacidade moderada (44%), com 52% com tempo de diagnóstico de AR menor que 10 anos e 48% maior que 10 anos. O perfil de alterações na RM da ATM segundo German Scoring System mostrou que mais de 80% dos pacientes apresentam alguma alteração sugestiva de atividade de doença e mais de 50% algum grau de cronicidade, sendo que 84% apresentaram sinovite, 82% derrame articular, 48% edema ósseo, 54% erosões e 52% deformidade do côndilo mandibular. Derrame articular teve associação inversa com maior tempo de diagnóstico (OR = 0,098; IC95% = 0,011 - 0,855; p=0,0035) e com uso de corticoide (OR = 0,218; (IC95% = 0,050 - 0,950; p-valor = 0,00657), na articulação direita. Edema medular teve associação positiva com maior número de articulações com artrite (OR = 5,417; IC95% = 1,346 - 21,799; p=0,00559. Sinovite se associou inversamente com escolaridade. Ensino superior completo se associou com menos sinovite (OR = 0,041; IC95% = 0,004 - 0,437; p= 0,00322. Os resultados da Regressão Linear Múltipla indicaram que variáveis clínico-demográficas foram fatores de risco independente para as alterações na RM: Menor tempo de diagnóstico foi risco para derrame articular (OR= 11,5, p=0,028), IC95%(1,310-101,180); atividade de doença (OR= 7,093, p= 0,018), IC95%(1,409-35,701) e artrite (OR=5,416, p=0,017), IC95%(1,345-21,799) foi risco para edema medular; uso de DMCD (OR= 11,00, p= 0,035), IC95% (1,186-101,979) foi risco para erosões; escolaridade foi risco para sinovite (OR= 6,533, p=0,030), IC95%(1,199-35,573); e idade para deformidade do côndilo (OR= 39,608, p=0,037), IC95%(1,244-1.261,094). Conclusão: Conclui-se que as lesões inflamatórias na Ressonância Magnética das articulações temporomandibulares são frequentes e se correlacionam com atividade de doença (índice DAS-28) e também com os índices que medem a limitação funcional (MFIQ e HAQ).
