Epidemiologia da tuberculose resistente e multidroga resistente no estado do Espírito Santo

Nome: GEISA FREGONA CARLESSO
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 12/08/2016
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
ELIANA ZANDONADE Co-orientador
ETHEL LEONOR NOIA MACIEL Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ELIANA ZANDONADE Coorientador
ETHEL LEONOR NOIA MACIEL Orientador

Resumo: A emergência de cepas resistentes do Mycobacterium tuberculosis
(Mtb) tem se mostrado um grande desafio para o controle e eliminação da doença
em todo o mundo. No Brasil o número de casos registrados ainda é pequeno
comparado ao de outros países de alta incidência; no Espírito Santo essa
informação é escassa. Objetivos: Descrever e analisar as características
sociodemográficas, clínicas e epidemiológicas e fatores associados à tuberculose
(TB) resistente aos fármacos de primeira linha no ES (um estudo transversal);
descrever as características sociodemográficas, clínicas e epidemiológicas dos
casos de TBMDR (estudo descrito retrospectivo); analisar fatores associados à
ocorrência de TBMDR (caso-controle aninhado a uma coorte); e analisar as causas
de morte entre os casos de TBMDR (estudo descritivo retrospectivo). Resultados: A
taxa de resistência a qualquer droga antituberculose entre os casos testados foi
10,6%. A taxa de tuberculose multidroga resistente (TBMDR) foi de 5%. Após a
análise multivariada foram identificados como fatores associados independentes
para TB resistente: história de tratamento prévio para TB (recidiva [OR = 7,72; IC
95% = 4,24-14,05] e reingresso após abandono [OR = 3,91; IC 95% = 1,81-8,43]),
tabagismo (OR = 3,93; IC 95% = 1,98-7,79) e cultura positiva para Mtb no momento
da notificação do caso (OR = 3,22; IC 95% = 1,15-8,99). No estudo descritivo sobre
os casos de TBMDR encontramos respectivamente 1,1% de casos primários, 18,5%
de casos adquiridos e 5,4% de casos combinados. Na caracterização da população
encontramos uma média de idade de 39 anos (DP = 13,8), 79% do sexo masculino,
55% não brancos e 75% com escolaridade menor que 8 anos de estudo. A taxa de
coinfecção TB/HIV foi de 9%; 45% dos casos referiram uso de álcool, e 43%, de
fumo. Outras comorbidades foram menos frequentes, como diabetes, uso de drogas
ilícitas e doença mental, respectivamente 12%, 16% e 4%. Quanto ao histórico
clínico e epidemiológico, 99% tinham a forma pulmonar; 67%, comprometimento
pulmonar bilateral, e em 88% dos casos havia presença de lesão cavitária. A
baciloscopia de escarro foi positiva em 87% dos casos, e a história de contato com
caso de TB, em 45%. A maioria foi tratada sob tratamento diretamente observado
(TDO), e a taxa de cura, abandono e falência foram, respectivamente, 81%, 5% e
4%. A taxa de conversão da cultura de escarro até o 2° mês de tratamento foi de
85%, com média de tempo de 38 dias (DP = 16,0). No estudo sobre fatores de risco
para TBMDR constatamos que, de forma independente, indivíduos brancos e com
maior escolaridade têm mais chances de terem TBMDR no ES, respectivamente OR
1,87 (IC 95% = 1,08-3,26; p = 0,026) e OR 2,75 (IC 95% = 1,21-6,25; p = 0,000).
Variáveis como etilismo, diabetes mellitus, doença mental, ser institucionalizado e
infecção pelo HIV não estiveram associados aos casos de TBMDR (p > 0,005).
Quando se verificou que a TB ou seus efeitos tardios (sequelas) eram a causa
básica de morte, a maior frequência de menções para causas associadas foi o
registro de doenças do aparelho respiratório entre os indivíduos com diagnóstico de
TBMDR. Conclusões: As características dos casos de TB resistente e TBMDR
reproduzem o perfil geral da TB no ES e no Brasil. Os fatores associados à
ocorrência destes casos devem servir de alerta para os profissionais de saúde para
que medidas adequadas possam ser tomadas. Quanto à maior escolaridade e cor
branca entre os casos de TBMDR, essas características devem ser levadas em
consideração na investigação mediante suspeita clínica da doença, e melhor
investigadas futuramente. O diagnóstico e o tratamento precoce devem impedir a
circulação de cepas do Mtb, facultando assim a redução do número de casos
primários, além de ter maior impacto sobre a mortalidade.

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