ORIENTAÇÃO DA MULHER E A DURAÇÃO DA AMAMENTAÇÃO: UM ESTUDO DE MÉTODOS MISTOS

Nome: GREYCE POLLYNE SANTOS SILVA MINARINI

Data de publicação: 30/06/2025

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANA PAULA REIS CARMONA Examinador Externo
CANDIDA CANICALI PRIMO Presidente
ELIANE DE FATIMA ALMEIDA LIMA Examinador Interno
KARLA CROZETA FIGUEIREDO Coorientador
MARCIA VALERIA DE SOUZA ALMEIDA Examinador Interno

Páginas

Resumo: Introdução: A orientação em amamentação nos serviços de saúde, tanto da atenção
primária quanto especializada, pode influenciar a decisão materna de iniciar, manter
e prolongar o aleitamento. O uso de métodos mistos é indicado para investigar essa
prática subjetiva, influenciada por fatores individuais e sociais, além de permitir a
comparação entre aspectos biológicos, psicológicos, culturais, socioeconômicos e
demográficos que afetam sua duração. Essa abordagem amplia a compreensão da
amamentação enquanto experiência vivida e relacional, envolvendo múltiplos
determinantes que interagem ao longo do tempo. Objetivo geral: Examinar a
correlação entre a orientação da puérpera recebida nos cuidados pré-natais, parto e
pós-parto com a duração da amamentação total nos primeiros três meses de vida.
Objetivos específicos: Descrever a percepção da puérpera sobre a orientação em
amamentação recebidas nos cuidados pré-natais, parto e pós-parto. Analisar a
associação das variáveis sociodemográficas e clínicas com o tipo e duração da
amamentação; Método: O estudo adotou a abordagem de métodos mistos, do tipo
convergente. Na etapa qualitativa, delineou-se um estudo descritiva e exploratória,
com a realização de entrevistas individuais, guiadas por um roteiro semiestruturado,
voltadas à compreensão das percepções e experiências relacionadas à
amamentação. Já na etapa quantitativa, foi conduzido um estudo longitudinal, com a
aplicação de um questionário sociodemográfico e clínico, além da utilização da Escala
Interativa de Amamentação para mensurar aspectos objetivos da prática. O estudo foi
realizado na Unidade Saúde da Mullher do Hospital Universitário do Espírito Santo,
Brasil. A população foram as puérperas, internadas no alojamento conjunto, e que
receberam alta hospitalar após maio de 2024. O software Interface de R para Análises
Multidimensionais de Textos e Questionários (Iramuteq), versão 7.2, foi empregado
para a análise qualitativa, guiada pelo referencial teórico da Teoria Interativa de
Amamentação. Para a análise dos dados quantitativa, foram aplicadas estatísticas
descritivas, incluindo medidas de tendência central (média) e medidas de dispersão
(desvio padrão) para variáveis contínuas, bem como frequências relativas e absolutas
para variáveis categóricas. Após a análise dos dados das etapas quantitativa e
qualitativa de forma individual, os dados foram integrados utilizando a estratégia de
incorporação concomitante. Resultados: Foram entrevistadas 296 puérperas. A
maioria das puérperas incluídas no estudo tinha entre 15 e 35 anos (82%), vivia com
companheiro (70%) e possuía escolaridade igual ou superior a 12 anos (70%). Cerca
de 63% eram primigestas, sendo 26% multigestas. A maioria realizou mais de seis
consultas de cuidados pré-natais (85%) e a via de nascimento mais frequente foi
cesariana (72%), com predominância de prematuros tardios (57%). Quanto ao tipo de
alimentação do bebê, 57% praticavam aleitamento materno exclusivo (AME), 34%
aleitamento misto e 9% uso exclusivo de fórmula. Observou-se que maiores taxas de
aleitamento materno exclusivo (AME) estiveram associadas a diversos fatores, tais
como: maior número de consultas de cuidados pré-natais (p = 0,010), maior produção
de leite (p = 0,015), via de nascimento vaginal (p = 0,058), ausência de uso de fórmula
nas primeiras 48 horas de vida (p < 0,001), ausência de dificuldades na amamentação
(p = 0,030) e não utilização de chupetas (p < 0,001). A prática do contato pele a pele
e o apoio profissional no parto também favoreceram o AME. Houve redução
progressiva nas dificuldades com a amamentação e no uso de fórmula e chupetas ao
longo do tempo. Embora o apoio social não tenha mostrado significância estatística,
foi mais frequente entre mães que mantiveram a amamentação exclusiva. A
integração dos dados quantitativos e qualitativos revelou que, apesar das associações
estatísticas, a ausência de orientações sobre amamentação durante os cuidados pré-
natais e a via de nascimento limitaram a prática da amamentação, destacando a
importância de considerar a experiência materna na avaliação da assistência à
amamentação. Considerações Finais: Os resultados evidenciam que múltiplos
fatores influenciam a prática da amamentação exclusiva, incluindo aspectos clínicos,
assistenciais e contextuais. Embora a maioria das mulheres tenha tido acesso aos
cuidados pré-natais e ao parto institucionalizado, a ausência de orientação adequada
sobre amamentação e as limitações no apoio imediato ao nascimento revelam falhas
na assistência. A integração dos dados quantitativos e qualitativos demonstra que
considerar a experiência materna é essencial para qualificar as práticas de cuidado e
promover o aleitamento com equidade e efetividade.

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