VIOLÊNCIA POR PARCEIRO ÍNTIMO E ADVERSIDADES NA INFÂNCIA: IMPACTO NA OCORRÊNCIA DA DEPRESSÃO EM MULHERES
RESIDENTES EM VITÓRIA, ESPÍRITO SANTO
Nome: TIFFANI MATOS OLIVEIRA
Data de publicação: 11/03/2025
Banca:
| Nome |
Papel |
|---|---|
| FERNANDA GARCIA GABIRA MIGUEZ | Examinador Interno |
| FRANCIELE MARABOTTI COSTA LEITE | Presidente |
| GRACIELLE KARLA PAMPOLIM ABREU | Examinador Externo |
| KARINA FARDIN FIOROTTI | Examinador Interno |
Resumo: A depressão é um grave problema de saúde pública, sendo um fenômeno
complexo e de múltiplas etiologias, que afeta de formas particulares as pessoas, impactando
em diferentes aspectos da vida como a personalidade, autonomia e comportamentos
envolvendo o parceiro íntimo. Dessa forma, é importante compreender os momentos da vida,
e as possibilidades para seu surgimento, como, os primeiros anos iniciais da vida e seu processo
de desenvolvimento. Ao apresentarem durante a infância um contexto de adversidades, a
criança apresenta modificações nas respostas a determinadas circunstâncias, levando-as a
traumas e situações de estresse que repercutem na vida adulta, inclusive a depressão. Além
disso, a depressão também está associada violência por parceiro íntimo, uma vez que mulheres
com esses sintomas tendem a aceitar parceiros com distúrbios de conduta, sendo uma delas a
violência. Objetivos: O objetivo geral foi realizar um levantamento da literatura sobre a
depressão, verificar a associação entre sinais e sintomas de depressão na idade adulta, e sua
relação com as adversidades na infância, violência por parceiro íntimo em mulheres de Vitória,
ES. E os objetivos específicos foram: realizar um levantamento na literatura sobre a temática
da depressão; estimar a associação entre sinais e sintomas de depressão na idade adulta e as
características socioeconômicas e reprodutivas; além de mensurar a associação entre
adversidades na infância e a prevalência da sintomatologia depressiva; e mensurar a associação
entre violência por parceiro íntimo e a prevalência de sinais e sintomas de depressão.
Metodologias: Trata-se de um estudo epidemiológico, observacional do tipo transversal, onde
foram analisados os dados da pesquisa intitulada Violência contra a Mulher em Vitória,
Espírito Santo: Um estudo de base populacional, realizada no ano de 2022 e que entrevistou
um total de 1.085 mulheres. Para o estudo foi aplicado o instrumento World Health
Organization Violence Against Women (WHO VAW) para a avaliação de violência por
parceiro íntimo; Questionário Internacional de Adversidades na Infância (ACE-IQ) para avaliar
as experiências adversas na infância de acordo com os subdomínios: negligência, abusos e
conflitos familiares, e o Inventário de Becker para mensurar as manifestações de sintomas
depressivos. As análises bivariadas foram realizadas por meio do teste qui-quadrado de Pearson
e a associação entre variáveis por meio da Regressão Logística tendo intervalo de confiança de
95%. Para a análise de verificação do score da pontuação de Beck, foi realizado teste de
normalidade de Shapiro-Wilk. As análises foram feitas pelo programa Stata 17 e o projeto foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo por
meio do parecer no 2.819.597. Resultados: A sintomatologia depressiva foi encontrada em
aproximadamente 24% das mulheres estudadas, destas, quando associadas com as quatro
formas de adversidades na infância, 34,6% apresentaram a sintomatologia, sendo que aqueles
com familiar encarcerado se obteve 45,6% e abuso sexual com 39,1% das mulheres
apresentando os sintomas depressivos. Os sintomas depressivos foram encontrados em 39.1%
das mulheres que tiveram a primeira relação sexual forçada. As mulheres que sofreram
violência pelo parceiro durante ao longo da vida apresentaram 44,3% chances de apresentarem
os sintomas depressivos. De maneira semelhante foi encontrado que a menor renda familiar
apresentava 2,98 (IC95% 1,86-4,77) mais chances de apresentarem os sintomas depressivos.
Ao apresentarem histórico de abuso emocional foram encontrados 2,5 (IC95% 1,82-3,44) vezes
mais chance de terem sintomas depressivos, assim como ter um familiar que já havia sido
encarcerado apresentava um aumento de 1,90 (IC95% 1,18-3,05). Conclusão: O estudo
destaca o perfil de mulheres afetadas pela depressão, associando as condições socioeconômicas
e histórias de vida, principalmente em relação a violência por parceiro íntimo e as adversidades
na infância. Esses fatores se relacionam a um aumento na probabilidade de sintomas
depressivos na vida adulta da mulher. Como resultado, há uma clara necessidade de esforços
de prevenção e promoção da saúde direcionados a esse grupo, abordando tanto a saúde mental
quanto a violência. A partir dessas constatações, fica evidente a necessidade de estratégias
específicas e uma atenção voltada para a prevenção e intervenção de forma integral e contínua,
promovendo redes de apoio e políticas que garantam igualdade de gênero.
