CONCEPÇÃO SOBRE DEFICIÊNCIA ENTRE PROFISSIONAIS DE CENTROS ESPECIALIZADOS EM REABILITAÇÃO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Nome: ALINE CAUS ZUQUI

Data de publicação: 24/05/2024

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
LUCIA PEREIRA LEITE Examinador Externo
MARIANA MIDORI SIME Examinador Interno
THIAGO DIAS SARTI Presidente

Resumo: A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) revoluciona a
compreensão de funcionalidade e deficiência ao enfatizar a interação entre problemas de
saúde e fatores contextuais. Entretanto, historicamente, diferentes concepções de deficiência
se disseminaram na sociedade e interferem na forma como as pessoas com deficiência são
vistas e tratadas. A concepção metafísica considera que as causas da deficiência estão
relacionadas a forças sobrenaturais, a castigo ou proteção divina. Já a concepção biológica
baseia-se no modelo biomédico da saúde e compreende a deficiência a partir da patologia
ativa, lesão ou comprometimento funcional, que causam uma experiência negativa. O modelo
social compreende a deficiência como uma condição de diferença humana e a considera uma
inadequação entre o corpo e o ambiente, não sendo uma questão do indivíduo, mas sim da
sociedade. Com a instituição da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no Sistema
Único de Saúde, os Centros Especializados em Reabilitação (CER) se tornaram pontos de
atenção específicos no cuidado à saúde das pessoas com deficiência. Atualmente, o Espírito
Santo possui seis CER’s habilitados e espera-se que os profissionais desses serviços
compreendam a deficiência a partir do modelo biopsicossocial da CIF, favorecendo a inclusão
e participação dessa população nos processos de vida. Dessa forma, o objetivo geral desse
estudo é compreender como os profissionais dos CER’s do Estado do Espírito Santo
concebem a deficiência. Como objetivos específicos buscou-se descrever as distintas
concepções de deficiência de profissionais que atuam com reabilitação; relacionar as
concepções de deficiência de profissionais que atuam com reabilitação com o perfil
profissional destes; traçar o perfil dos profissionais que atuam nos CER’s do Estado do
Espírito Santo; realizar análise psicométrica da Escala Intercultural de Concepção da
Deficiência (EICD) para utilização nos Centros Especializados em Reabilitação. Para isso
realizou-se um estudo transversal, de corte exploratório quantitativo com os profissionais dos
CER do Estado do Espírito Santo. O instrumento de pesquisa foi enviado via plataforma
online Google Forms e consistia em questões sociodemográficas, de perfil profissional, de
trajetória acadêmica e sobre o tipo de atuação profissional no CER e da EICD. Participaram
do estudo 86 profissionais, sendo 61 do sexo feminino e 25 do sexo masculino, com idade
média de 39,9 anos. A maioria dos participantes apresenta tendência a concordância com as
concepções social e biológica da deficiência e discordância com a concepção religiosa. A
aproximação com a concepção social da deficiência se constitui um avanço, entretanto, a
concepção biológica segue muito presente evidenciando uma dificuldade em superar o
modelo biomédico. Apesar da maioria dos profissionais apresentarem discordância para a
concepção metafísica, 1/3 dos participantes tende a concordar com ela. Nas análises de
comparação observou-se que os participantes do sexo masculino apresentaram tendência a
discordância para a concepção metafísica enquanto para o sexo feminino houve discordância.
Os CER’s do interior apresentaram tendência à discordância para a concepção metafísica e na
região metropolitana houve discordância. Profissionais de reabilitação apresentaram
discordância para a concepção metafísica enquanto os demais profissionais apresentaram
tendência à discordância. A EICD mostrou-se um instrumento confiável para a mensuração
das concepções de deficiência entre trabalhadores do CER. Os resultados trazem uma reflexão
sobre como essas concepções podem refletir em uma prática que não privilegia as
potencialidades do individuo, valorizando um entendimento da deficiência como uma questão
individual.

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