ANÁLISE DE RISCOS COMPETITIVOS DA SOBREVIDA-ESPECÍFICA DE PACIENTES DIAGNOSTICADOS COM CÂNCER DE PRÓSTATA NO ESPÍRITO SANTO: estudo de coorte retrospectivo

Nome: WESLEY ROCHA GRIPPA

Data de publicação: 27/03/2024

Banca:

Nomeordem crescente Papel
THIAGO DIAS SARTI Examinador Interno
LUIS CARLOS LOPES JUNIOR Presidente
LUCIANE BRESCIANI SALAROLI Coorientador
LARISSA SOARES DELL ANTONIO Examinador Externo
JEFERSON SANTOS ARAUJO Examinador Externo

Páginas

Resumo: Introdução: O câncer de próstata é um dos mais incidentes no mundo, sendo uma das
principais causas de morte prematura em homens. Avanços em técnicas de análise de sobrevida,
assumiram um papel importante nos últimos anos, principalmente após o desenvolvimento
e aprimoramento dos métodos estatísticos, com aplicações diretas na Saúde Coletiva e na
Oncologia.
Objetivo: Analisar a probabilidade de sobrevida específica de pacientes com câncer de próstata e
os fatores associados ao risco de morte por câncer ou outras causas em pacientes diagnosticados
com neoplasia prostática que iniciaram tratamento na Rede de Atenção Oncológica (RAO) do
estado do Espírito Santo (ES).
Métodos: Estudo observacional de coorte retrospectivo. Dados secundários foram coletados
via Ficha de Registro do Tumor (FRT) a partir dos Registros Hospitalares de Câncer (RHC)
de pacientes que receberam atendimento em algum hospital da RAO do ES, e do Sistema de
Informação sobre Mortalidade - SIM/SESA, no período entre 2000 a 2020. Foram incluídas

e analisadas todas as ocorrências de câncer de próstata comprovadas por exames anatomo-
patológicos (CID-10). Para análise de dados, foi realizada uma análise descritiva do perfil

epidemiológico dos pacientes diagnosticados com câncer de próstata, além de uma análise de
completude das variáveis epidemiológicas dos RHC do ES, onde as incompletudes dos dados
foram classificadas como excelente (< 5%), boa (entre 5% e 10%), regular (entre 10% e 20%),
ruim (entre 20% e 50%) e muito ruim (> 50%), de acordo com o percentual de ausência de
informação. Para análise de sobrevida, procedeu-se com o método de linkage determnístico,
dos registros da FRT do Integrador do Registro Hospitalar de Câncer Brasileiro (SIS-RHC)
com os registros do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM/ES). Para estimar a sobrevida
específica global, foi utilizado o método de Kaplan-Meier e as análises multivariadas, a partir
dos modelo de riscos proporcionais de Cox e o modelo de riscos competitivos de Fine e Gray,
afim de investigar a probabilidade de morte específica por câncer de próstata. Na análise dos
modelos, adotou-se o nível de 5% de significância para avaliar o efeito significativo de cada
uma das variáveis estudadas. Todas análises estatísticas foram realizadas nos softwares livres
R e RStudio. Esse projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do CCS-UFES
(Parecer: 5.533.541).
Resultados: O banco inicial apresentava 13.519 casos de câncer próstata nos RHC, registrados
com diagnósticos entre 2000 e 2020. A análise de completude mostrou que as variáveis histórico
familiar de câncer (p<0,001), alcoolismo (p<0,001), tabagismo (p<0,001), estadiamento TNM
(p<0,001) tiveram tendência de decréscimo, enquanto que, clínica do início do tratamento
(p<0,001), procedência (p=0,008) e ocupação (p<0,001) indicaram tendência de acréscimo
no percentual de incompletude. O perfil epidemiológico da coorte compreendeu 11.398 casos
de neoplasias prostáticas de 2000 a 2020, exibindo tendência crescente (p<0,001) nessa série
histórica. A idade média dos pacientes foi 68,99 anos, 27,96% eram autodeclarados brancos e
57,11% pardos, 10,90% eram analfabetos e 43,96% possuíam o ensino fundamental incompleto,
65,75% eram casados e 20,06% trabalhadores agropecuários. Além disso, 97,36% apresentaram
a ocorrência de apenas um tumor primário, cujo primeiro tratamento recebidos no hospital foi
cirurgia em 23,85% dos casos. Para análise de sobrevida, após o linkage determinístico entre
SIS-RHC e SIM/ES obteve-se 10.556 observações. Ao final do período de estudo a coorte
apresentou 6.388 vivos, 1.936 óbitos por câncer de próstata e 2.232 óbitos por outras causas.
A sobrevida global foi de 87,7% para um seguimento de 5 anos. A análise multivariadas a partir
dos modelos de regressão de Cox e de risco competitivo de Fine-Gray indicaram que a idade,
nível educacional, presença de metástase a distância, cirurgia, radioterapia e hormonioterapia

foram associados ao risco de mortalidade específica de pacientes com câncer de próstata.
Assim, na presença de risco competitivo a idade foi um fator de risco de morte específica,
onde para cada incremento de 10 anos no momento do diagnóstico, os pacientes apresentam
quase 10% mais risco de morte por câncer de próstata (HR=1,098; 95%CI: 1,024-1,176). Os
pacientes apresentam um risco de morte por câncer de próstata elevado quando da presença de
metástase a distância (HR=5,315; 95%C:4,676-6,041) e quando tratados por hormonioterapia
(HR=1,318; 95%CI: 1,166-1,490). Contudo, houve uma redução no risco de mortalidade
específica por câncer de próstata em pacientes que apresentam nível educacional médio ou
superior (HR=0,767; 95%CI: 0,629-0,935) quando comparado a pacientes analfabetos, além dos
pacientes que receberam cirurgia (HR=0,382; 95%CI:0,309-0,471) e radioterapia (HR=0,477:
95%CI: 0,396-0,575).
Conclusões: A maioria das variáveis dos RHC apresentou completude excelente, porém,
importantes variáveis tiveram altos percentuais de incompletude, como estadiamento TNM,
além de alcoolismo e tabagismo. Houve tendência de crescimento na incidência de câncer
de próstata com o passar dos anos no estado, apresentando tropismo para homens idosos,
casados e com baixa nível educacional, além disso, a análise de sobrevida evidenciou que a
sobrevida global foi de 87,7% e que idade, nível educacional, presença de metástase a distância,
cirurgia, radioterapia e hormonioterapia foram associados ao risco de mortalidade específica
entre pacientes com câncer de próstata. Em conjunto, esses dados podem auxiliar na tomada
de decisões de gestores, stakeholders, para subsidiar programas de rastreamento e tratamento,
além de orientar o aprimoramento de políticas públicas na área de Oncologia, com vistas ao
planejamento de ações eficazes à vigilância do câncer nos diversos níveis de atendimento da
Rede de Atenção à saúde, a fim de aprimorar o cuidado à saúde do homem.

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