MASCULINIDADES E DESIGUALDADES DE GÊNERO: NARRATIVAS DE HOMENS AUTORES DE VIOLÊNCIA
Nome: DHERIK FRAGA SANTOS
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 10/12/2021
Orientador:
Nome | Papel |
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RITA DE CÁSSIA DUARTE LIMA | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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FABIO LUCIO TAVARES | Examinador Externo |
FRANCIÉLE MARABOTTI COSTA LEITE | Examinador Interno |
LUZIANE DE ASSIS RUELA SIQUEIRA | Examinador Externo |
MARIA ANGELICA CARVALHO ANDRADE | Examinador Interno |
RITA DE CÁSSIA DUARTE LIMA | Orientador |
Resumo: INTRODUÇÃO: No Brasil historicamente as desigualdades de gênero são
construídas com alicerces no patriarcado-capitalismo-racismo, e geram um meio propício ao surgimento de violências de gênero. Ainda na atualidade, pela
magnitude e relevância, as desigualdades percebidas entre os gêneros
permanecem sendo um tema necessário e com novas configurações, um
fenômeno que acomete homens e mulheres. Nesse estudo, essas
desigualdades serão discutidas tomando como problemática a produção da
violência, enquanto habitus socialmente construído pelas relações ancoradas
nas masculinidades hegemônicas. OBJETIVO: analisar as narrativas sobre as
masculinidades e as desigualdades de gênero sob o olhar de homens autores
de violência indiciados pela Polícia Civil, encaminhados para Delegacia
Especializada da Mulher referência da Grande Vitória-ES. METODOLOGIA:
trata-se de um estudo do tipo descritivo e exploratório, de abordagem qualitativa, com 20 homens autores de violência encaminhados à um serviço da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher referência para os municípios de Cariacica, Vila Velha, Vitória e Serra-ES. Para a coleta dos dados, utilizou-se a entrevista semiestruturada, realizada remotamente por meio de ligações telefônicas gravadas devido às restrições sanitárias em período da pandemia por Covid-19. As narrativas foram transcritas e, posteriormente, com o auxílio de um software Atlas.ti, versão 9.0, passaram por uma análise de enunciação sob as lentes teóricas de Habitus, do autor Bourdieu, e Dominação-exploração, de Saffioti. O estudo tem como questão de pesquisa: quais são as narrativas de homens autores de violência sobre as masculinidades que, por conseguinte, fortalecem práticas de desigualdades de gênero?. RESULTADOS: os homens
autores de violência referiram as seguintes ideias centrais sobre o que é ser
homem: ser heterossexual; não demonstrar afeto a outros homens; ser
provedor, trabalhador, honesto, bom pai e fiel; cuida e oferece segurança à
família; ter boa condição financeira e bom nível de escolaridade. Já as ideias
centrais dos participantes sobre o que é ser mulher foram: ser
afetuosa/carinhosa, companheira, fiel, respeitosa; ter diálogo, postura; não
impede o homem de realizar as vontades dele; não é vulgar; não é conflituosa;
não sai sozinha para lazer nem se vende por dinheiro; não troca de gênero.
Observou-se que a maioria dos casos de violência de gênero foi motivado por
ciúmes. CONCLUSÃO: as desigualdades de gênero, bem como a violência
contra a mulher representam um processo histórico, atravessado e
intersectados, também por questões associadas a raça, classe social, gênero e
orientação sexual de cada indivíduo. A dominação masculina demanda esforço
e adaptações para sua manutenção na sociedade, além de repercutir em
desigualdades nos capitais econômico, cultural, social e simbólico entre homens e mulheres.